Informação do Portimão Jornal nº18 - 25-02-2021
Há praticamente um ano que os escalões de formação não têm competição, o que está a causar muita apreensão entre os responsáveis dos clubes, sobretudo porque, para além da falta de provas e torneios, está em jogo o futuro da juventude. O Portimão Jornal ouviu dirigentes e técnicos de quatro modalidades – basquetebol, futebol, futsal e judo – e todos foram unânimes em considerar que “os miúdos podem fugir da prática desportiva”.
As consequências desta prolongada paragem ditada pela pandemia são graves e estendem-se, naturalmente, aos clubes, que estão privados de exercer a atividade para a qual foram criados, perdendo entusiasmo, patrocinadores e até atletas. Embora compreendam a situação e tenham esperança em dias melhores, os responsáveis lamentam que não surja uma voz ativa que aponte uma eventual solução no sentido de alterar este estado de coisas. “A formação está ao abandono”, “fecho de portas” e “travessia do deserto” são frases por demais elucidativas…
José Augusto, diretor-geral do futebol de formação do Portimonense, é o primeiro a dar conta de algum desencanto. “Parámos em março passado, voltámos em setembro, com todos os escalões, progressivamente, preparando as equipas para os Nacionais e para os outros campeonatos, mas nunca houve competição e a meio de janeiro encerrámos de novo. A formação está de todo esquecida e faltam diretrizes válidas”, argumenta o técnico, cuja base de trabalho chega quase aos 400 jovens, entre o futebol de recreação (cerca de 160) e o de competição.
Voltando ao futebol do Portimonense, mantêm-se os treinos online e algumas reuniões com a Federação, sobre certificação. “A Associação também pouco esclarece e só nos resta esperar para que tudo se defina, mas creio que faz falta uma voz ativa que aborde a problemática do futebol de formação, que está ao abandono”, queixa-se José Augusto, curioso em saber se as recentes intervenções de Fernando Gomes, líder da Federação Portuguesa de Futebol (FPF), e João Paulo Rebelo, secretário de Estado da Juventude e Desporto, conseguirão fazer passar a mensagem.
Os problemas não ficam por aqui e José Augusto acrescenta outra visão, do ponto de vista sociológico. “Os pais dos nossos atletas sentem que os filhos necessitam de jogar e competir, mesmo a nível psicológico. E se a atividade física é indispensável, o convívio também o é. Isto é uma problemática de cariz social, que pode causar danos. A comunidade do futebol de formação do Portimonense está recetiva a boas ideias e bons sinais e não antecipa cenários, mas a socialização entre jovens é fundamental”.
Por último, voltando ao futebol, José Augusto refere que apenas seis jogadores, durante todo este período de quase um ano de pandemia, acusaram positivo, “através de terceiros e não do clube”. Aliás, os juvenis e os juniores efetuaram testes, que “deram todos negativos”. O desejo, por ora, é só um: que a bola volte a rolar!
FERNANDO GOMES EXIGE FUNDOS DE APOIO AO DESPORTO
O presidente da Federação Portuguesa de Futebol, Fernando Gomes, não esconde a preocupação com o facto de a atividade nos escalões de formação estar parada. Na Audição Pública da Comissão de Cultura, Comunicação, Juventude e Desporto, em representação das federações de futebol, andebol, patinagem, voleibol e basquetebol, salientou que o desporto "não recebeu um cêntimo para combater um conjunto de despesas e acréscimo de custos de um processo pandémico que dura há quase um ano".
A maior das preocupações diz respeito “à inatividade no seio do movimento associativo, nomeadamente nos escalões de formação”. Estas federações tiveram uma redução total de 65 por cento dos atletas inscritos na formação masculina e feminina, e, desses, apenas 13 por cento têm atividade desportiva. “Exigimos uma clara identificação de fundos de apoio ao Desporto, para salvar milhares de clubes e associações desportivas que estão em risco de desaparecer rapidamente”, concluiu.
JOÃO PAULO REBELO ELOGIA TREINADORES E DIRIGENTES
João Paulo Rebelo, o secretário de Estado da Juventude e Desporto, disse há dias ter a esperança de que os escalões de formação possam ver as competições reatadas normalmente na próxima temporada, caso a vacinação contra a covid-19 decorra dentro dos prazos esperados. “Se forem cumpridos os prazos de entrega das vacinas pelas farmacêuticas, e com a premissa que no Verão grande parte da população já esteja vacinada, a expectativa é que o desporto possa estar em funcionamento mais ou menos em pleno a tempo de pensarmos começar a época desportiva de 2021/22”, considerou o governante.
Mais em pormenor, João Paulo Rebelo anunciou ainda esperar que as competições destinadas à formação sejam iniciadas entre setembro e outubro, abrindo uma janela de esperança para o que resta da época desportiva que está em curso. “Tenho falado com os dirigentes das federações para apelar à criatividade”, elogiando treinadores e dirigentes que têm sido capazes “de se reinventarem e adaptarem” às circunstâncias.
Texto: Hélio Nascimento
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